Mecanismos de defesa ou proteção psicológica são reações inconscientes que ajudam a minimizar o impacto de experiências negativas em uma pessoa. Todos nós temos mecanismos de defesa em maior ou menor grau. A diferença está no fato de que algumas pessoas conseguem reconhecer e processar esses mecanismos, transformando-os em aliados para o próprio desenvolvimento. Durante uma sessão de coaching, é muito importante para o coach compreender os mecanismos de defesa que influenciam seu cliente. O conhecimento desses mecanismos e de suas causas iniciais ajuda o coach a entender melhor seu cliente e, como resultado, trabalhar com ele de forma mais eficaz. O ponto principal é que o coach trabalha com sua própria personalidade, o que significa que, em primeiro lugar, é importante entender a si mesmo e suas reações, aprender a sentir profundamente suas emoções e ações, e criar condições favoráveis para mudanças em sua vida. Uma das razões pelas quais as pessoas buscam aprender competências de coaching é o desenvolvimento pessoal. Como você já percebeu, hoje queremos abordar o tema da proteção psicológica e propor uma análise sobre quais mecanismos você utiliza.
Mecanismos de Defesa
Na psicologia moderna, já existem mais de 50 tipos de mecanismos de defesa. Para não sobrecarregar nossos leitores, vamos abordar apenas alguns dos mais comuns e estudados.
Sublimação
Este termo foi introduzido por Sigmund Freud no campo da psicanálise. Ele acreditava que uma pessoa canaliza a energia do inconsciente para atividades socialmente aceitáveis. A escolha da atividade para a sublimação pode indicar a maturidade e o caráter da personalidade.
A sublimação pode ser de dois tipos: primária e secundária.
Sublimação primária envolve a substituição de uma atividade, mantendo o objetivo original. Por exemplo, uma pessoa que busca reconhecimento social e sucesso não consegue alcançar êxito no esporte devido a uma lesão, então se envolve em atividades de caridade.
Sublimação secundária caracteriza-se pela mudança de objetivo. Inicialmente, a pessoa busca um objetivo, mas durante a mudança de atividade, um novo objetivo surge. Por exemplo, um atleta que não pode mais competir devido a uma lesão ou idade muda seu objetivo original — sucesso no esporte — para outro. Ele começa a treinar outros e a transmitir seu conhecimento aos atletas mais jovens, satisfazendo seu desejo de continuar no esporte, mas com o novo objetivo de ajudar os outros a alcançar o sucesso.
Os dois tipos de sublimação frequentemente ocorrem em etapas. Se uma pessoa não consegue se adaptar através da sublimação primária, ela passará para a secundária. É importante notar que falamos de sublimação quando o cliente não tem consciência do que está acontecendo. Ele não entende que há algo oculto por trás de suas motivações.
Negação
Este mecanismo de defesa é provavelmente familiar a todos. Quem nunca ouviu a frase "Não, isso não pode ser verdade"? É assim que nossa psique se protege de experiências negativas — ela simplesmente as ignora.
Não podemos negar que a negação pode ter um efeito positivo a curto prazo, como mostrado em filmes onde um personagem descobre que está com uma doença terminal, nega a situação e passa a aproveitar a vida ao máximo.
No entanto, na maioria dos casos, se a negação não for reconhecida e trabalhada, pode ter efeitos negativos na psique. Por exemplo, quando colegas apontam que uma pessoa está repetindo o mesmo erro, ela não aceita a crítica, nega o erro e acaba agravando a situação.
Repressão
A repressão é frequentemente mencionada e às vezes confundida com a negação. No entanto, é um mecanismo de defesa mais insidioso. Sua principal ameaça é que, se não identificarmos o que está sendo reprimido e o que foi a origem, a pessoa pode sofrer sérias consequências, inclusive comportamentos patológicos.
A principal diferença entre negação e repressão é que, na negação, a experiência negativa nem chega à consciência. A psique constrói uma barreira que impede a experiência de entrar. A repressão funciona de maneira diferente: a experiência negativa ou o trauma entram na consciência, mas a pessoa pode não se lembrar da causa ou da origem do problema.
Deslocamento
O deslocamento ou substituição é um mecanismo de defesa comum na vida cotidiana. O exemplo mais simples é quando um adulto "desconta" suas frustrações em crianças, que por sua vez descontam nos irmãos mais novos, e assim por diante.
O deslocamento geralmente envolve mudar o foco de uma situação desconfortável para outra. Embora a nova situação possa não estar diretamente relacionada à primeira, ela pode ter uma conotação negativa. Por exemplo, depois de um pai brigar com o filho por problemas no trabalho, ele pode sentir arrependimento ou tristeza.
Racionalização
A racionalização, introduzida por Ernest Jones em 1908, é um mecanismo de defesa que funciona assim: a pessoa tenta encontrar uma justificativa racional para seus desejos, ações ou sentimentos, mesmo que a verdadeira causa possa abalar sua autoconfiança.
Por exemplo, se uma pessoa nos causa antipatia, focamos nos piores aspectos de sua personalidade e esperamos que ela tenha um comportamento inaceitável, mesmo que essas falhas sejam mínimas.
Existem dois tipos de racionalização:
A psique capta apenas as informações que não contradizem nossas crenças e a realidade objetiva.
A psique inventa explicações lógicas para justificar comportamentos ou decisões.
A racionalização é um dos mecanismos de defesa mais inofensivos. Embora possa levar ao autoengano, ela fornece uma sensação de segurança e conforto.
Projeção
A projeção ocorre quando transferimos nossos sentimentos ou características para outra pessoa. Muitas vezes negamos nossos próprios defeitos ou sentimentos e os projetamos nos outros.
Esse mecanismo de defesa é comum porque facilita nossa vida diária. Se estamos felizes, os outros parecem amigáveis; se estamos irritados, os outros podem parecer ameaçadores.
Somatização
Lembre-se da escola. Com que frequência você adoecia antes de uma prova importante? Isso é somatização — quando o estresse psicológico se manifesta como sintomas físicos. Em alguns estudos psicanalíticos, há interpretações de sintomas crônicos. Por exemplo, se um paciente frequentemente tem dores de garganta, pode ser que ele raramente expresse suas próprias opiniões.
A capacidade de reconhecer e lidar com nossos mecanismos de defesa desenvolve a personalidade do coach, ajudando-o a criar um ambiente mais confortável e de apoio para o cliente durante as sessões de coaching.
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